quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Presidente Lula: mais símbolo, menos governante

Amigos e amigas, não pude me conter com a foto enviada abaixo, pelo amigo agrônomo Paulo Getúlio (Lula antes e depois, ontem e hoje):Na primeira fotografia vemos o "velho Lula", sindicalista, típico dos anos 80 e que chegou a disputar a Presidência da República em 1989 utilizando-se dos argumentos raivosos da velha política de esquerda.

Em seguida o Lula contemporâneo, já Presidente da República reeleito, graças a campanha vitoriosa de 2002 marcada por uma nova postura política, menos esquerdista e mais conciliadora - o que a imprensa chamava de "lulinha paz e
amor".

Olhando as fotos, comparando épocas e contextos, e sabendo que os indíviduos tendem a crescer ao longo da vida com a experiência, podemos ter a convicção de que o Lula da primeira imagem não aponta para o Lula da imagem seguinte, são homens completamente diferentes. Melhor para o Brasil.

E assim quero aqui posicionar-me diante de nosso Presidente, valendo-me das inspiradoras, e não menos irônicas e pedagógicas imagens. Qual a minha visão sobre a figura do Presidente Lula?

Lula não é um bom Presidente. Nunca acreditei, e nem acreditarei no projeto social do Partido dos Trabalhadores, contudo jamais poderia imaginar o que já ocorreu e o que não ocorreu nestes anos de Lula no poder: corrupção sistêmica e desenvolvimento do país.

Lula não estava e ainda não está preparado para governar um país como o Brasil.
Lula funciona melhor como um ícone, como um simbolismo de um Brasil que nasce na miséria e na luta pela sobrevivência, que não se educa, e que vive numa sistemática e umbilical dependência do Estado (por isso o emparelhamento que hoje vivemos e o inchaço cada dia maior do setor público e das atribuições estatais).

Não posso falar do homem, até por não conhecê-lo. Falo do administrador, do homem público, do chefe de governo e de Estado. E ele só não peca, não comete tantos erros, como chefe de Estado - afinal sabe representar bem, apesar dos sérios problemas linguísticos, o nosso povo no exterior perante as outras nações e chefes de Estado (Lula consegue dialogar com Chávez e Bush, consegue ser político e meta-ideológico nos assuntos internacionais). Como administrador é incapaz, lembremos "nenhum governo pode abrir mão da CPMF", "eu não sei de nada", "nunca antes na história deste país ...." etc E aí estão escândalos somando-se a outros escândalos.

Lula governa no imobilismo, na letargia. Seu governo é um reflexo dos 8 anos do governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso e do PSDB - a impressão que se
dá é que de 1994 até hoje muito pouco ou nada mudou: as reformas essenciais não vieram e não virão (política, trabalhista, tributária), a justificativa economicista que ainda recai sobre o plano real, a taxa de juros conservadora, a busca por superávits, e o crescimento anual do país até hoje não atingiu e com muita dificuldade atingirá os 5%. A violência e a impunidade continuam. E as políticas assistencialistas estão aí, como o bolsa escola depois transformado em bolsa família (a grande chaga que impedirá o crescimento do país, já que o nosso bolo será eternamente pequeno mesmo que repartido).

Seu governo, hoje nos idos de 2007, a 3 anos de novas eleições, já acabou. Nada mais irá ocorrer em termos de mudanças profundas, de atitudes inovadoras que coloquem o país no caminho do progresso. Fato é que já se discute sua sucessão, inclusive com Ciro Gomes nas ruas, Aécio e Serra governando como que atuando num palco, e a base aliada (especialmente o PMDB do atual ministro do caos aéreo Nelson Jobim) cada vez mais tomando conta do governo em busca de um futuro apoio em 2010 - já que o PT não tem condições, nem quadros, para embarcar um sucessor para Lula (e assim permanecerá enquanto o partido continuar sob liderança paulista, na qual apontaria como a ala podre e fétida do partido - Marco Aurélio Garcia, José Dirceu, Ricardo Bezzoini, José Genuíno, Aloísio Mercadante, Marta Suplicy, etc).


Muito se tem debatido sobre o fato de que nosso Presidente não é um homem das "letras". Concordo em dizer que para governar o Brasil não é necessário ser um eminente intelectual, como mostra o governo do sociólogo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002). Mas falta a Lula muitas coisas, diria essenciais a um governante: mais conhecimento. Lula tem dificuldade em se expressar, privilegia o improviso e não a organização racional do pensamento, fazendo-o falar pelos "cotovelos" e a cometer uma série de gafes. Lula é uma boca, apenas uma boca, que fala, que ecoa a fala "oficial", a voz do governo, mas não pensa, nada cria. E esta incapacidade para a criação lhe impede ser um bom governante, um bom administrador, não basta fazer política para ser um bom Presidente (foi isso que ele aprendeu nos anos como sindicalista, sempre negociar, nunca criar).

Lula é o mais pedagógico dos governantes que o Brasil já tivera, para ensinar ao povo brasileiro de que não basta "boas intenções" para governar o Brasil. De que o governo não precisa ser um reflexo do que somos, mas que ele deve ser melhor do que somos, afinal irá conduzir muito de nossas vidas. O brasileiro vai aprender que as esquerdas não funcionaram e que não sabem governar, e que PT e PSDB são duas faces de uma mesma moeda. O brasileiro, nas próximas eleições que ainda estarão por vir, vai começar a pedir por mais e por melhor, por algo diferente na
vida política: que reúna carisma e competência, credibilidade e vontade de fazer mudanças, que tenha coragem de retirar o país do comodismo e que nos faça trabalhar para construir uma nação mais próspera, pois só com prosperidade é possível não fazer justiça social, mas possibilitar justiça social de maneira espontânea e uniforme - dando uma morte rápida ao patrimonialismo, ao fisiologismo e ao nosso maior câncer: o assistencialismo.

PALAVRAS DE UM MESTRE

Na postagem anterior homenageei o prof norte-americano Milton Friedman, da chamada "escola de Chicago" de orientações liberais.

Na postagem de hoje irei aqui deixar alguns parágrafos da obra "O caminho da servidão" do prof Friedrich von Hayek,economista, filósofo e psicólogo austríaco, da chamada "escola de Viena".

Boa leitura e abraços liberais:

Se o socialismo substituiu o liberalismo como a doutrina da grande maioria dos progressistas, isso não significa apenas que as pessoas tenham esquecido as advertências dos grandes pensadores liberais sobre as conseqüências do coletivismo.

Quase não ocorre hoje que o socialismo era, de início, francamente autoritário. No que se referia à liberdade, os fundadores do socialismo não escondiam suas intenções. Eles consideravam a liberdade de pensamento a origem de todos os males da sociedade do século XIX, e o primeiro dos planejadores modernos, Saint-Simon, chegou a predizer que aqueles que não obedecessem às comissões de planejamento por ele propostas seriam "tratados como gado".

Tocqueville, mais do que ninguém, percebeu que a democracia, como instituição essencialmente individualista, entrava em contradição frontal com o socialismo. Segundo ele, "democracia e socialismo nada têm em comum exceto uma palavra: igualdade". Mas, advertia o próprio Tocqueville que "enquanto a democracia procura a igualdade na liberdade, o socialismo procura a igualdade na repressão e na servidão".

O advento do socialismo seria um salto do reino da necessidade para o reino da liberdade. É importante perceber a sutil alteração do sentido a que se submeteu a palavra liberdade para tornar plausível esse argumento. Para que o homem pudesse ser verdadeiramente livre, o "despotismo da necessidade material" deveria ser vencido, e atenuadas "as restrições decorrentes do sistema econômico". Liberdade nesse sentido não passa, é claro, de um sinônimo de poder ou riqueza. A reivindicação da nova liberdade não passava, assim, da velha reivindicação de uma distribuição eqüitativa da riqueza. Mas o novo rótulo forneceu aos socialistas mais uma palavra em comum com os liberais, e eles a exploraram ao máximo, a despeito do novo sentido dado àquela palavra.

A promessa de maior liberdade tornou-se uma das armas mais eficazes da propaganda socialista. Foi inquestionavelmente a promessa de maior liberdade que atraiu um número crescente de liberais para o socialismo e tornou-os incapazes de perceber o conflito existente entre os princípios do socialismo e os do liberalismo. O socialismo foi aceito pela maior parte da intelligentsia como o herdeiro aparente da tradição liberal. Nos últimos anos, porém, esse erro foi tornando-se claro. Foi-se tornando clara a extraordinária semelhança, em muitos aspectos, das condições de vida nos regimes fascista e comunista.

Enquanto para muitos que observaram de perto a transição do socialismo para o fascismo, a relação entre os dois sistemas ficou cada mais evidente, na Inglaterra a maioria ainda acredita que o socialismo e liberdade ainda podem ser conciliados.

O socialismo democrático, a grande utopia das últimas gerações, não só é irrealizável, mas o próprio esforço necessário para concretizá-lo gera algo tão inteiramente diverso que poucos dos que agora o desejam estariam dispostos a aceitar as suas conseqüências.

III. INDIVIDUALISMO E COLETIVISMO

Há um equívoco com relação ao conceito de socialismo, que pode significar os ideais de justiça social e maior igualdade, mas o fato é que significa também a abolição da iniciativa privada e da propriedade privada dos meios de produção, e a criação de um sistema de "economia planejada" no qual o empresário que trabalha visando ao lucro é substituído por um órgão central de planejamento. Os fins ou objetivos do socialismo devem ser avaliados juntamente com os meios usados na sua realização. Não podemos nos esquecer de que o socialismo é uma espécie de coletivismo e que, portanto, tudo o que se aplica ao coletivismo se aplica também ao socialismo.

Quase todos os pontos de divergência entre socialistas e liberais referem-se aos métodos comuns a todas as formas de coletivismo, e não aos fins específicos para os quais os socialistas desejam empregá-los.

O conceito de "planejamento" deve sua popularidade em grande parte ao fato de todos desejarmos, obviamente, resolver os problemas ordinários da forma mais racional e de, para tanto, precisarmos utilizar toda a capacidade de previsão possível. Nesse sentido, somos todos planejadores. Mas o que os planejadores exigem é um controle centralizado de toda a atividade econômica de acordo com um plano único, que estabeleça a maneira pela qual os recursos da sociedade sejam "conscientemente dirigidos" a fim de servir a determinados fins.

A doutrina liberal baseia-se na convicção de que a concorrência é a melhor maneira de decidir sobre o uso dos recursos escassos; e reconhece que para ser eficaz a concorrência requer a existência de uma estrutura legal cuidadosamente elaborada. Além disso, os liberais reconhecem que quando a concorrência falha, outros métodos de orientar as atividades econômicas se fazem necessários. Mas são contrários à substituição da concorrência de mercado por outros métodos menos eficazes de coordenação dos esforços individuais.

Não basta, para a eficácia do mercado, que a lei reconheça o princípio da propriedade privada e da liberdade de contrato; também é importante uma definição precisa do direito de propriedade.

Finalmente, há certos campos nos quais, sem dúvida, nenhuma disposição legal poderá criar a condição primeira da qual depende a eficácia do sistema: que o proprietário se beneficie de todos os serviços úteis prestados pela sua propriedade e sofra as conseqüências dos danos causados pelo seu uso. Quando isso não se dá, faz-se necessária a ação das autoridades para a correção dos desvios oriundos de externalidades positivas e negativas.

A criação de uma estrutura institucional adequada ao funcionamento benéfico da concorrência estava longe de ser completada quando, em toda a parte, os Estados começaram a substituí-la por um princípio diferente e inconciliável. Já não se tratava de fazer funcionar a concorrência e de complementar-lhe a ação, mas de substituí-la por completo. O que une os socialistas de esquerda e direita é essa hostilidade à concorrência e o desejo de substituí-la por uma economia dirigida.

A luta universal contra a concorrência promete gerar, antes de tudo, algo ainda pior: uma situação que não pode satisfazer nem planejadores nem liberais, uma espécie de organização sindicalista ou "corporativista" na qual a concorrência é mais ou menos suprimida, mas o planejamento fica nas mãos de monopólios independentes, controlados por setores específicos da economia.

Muitos ainda acreditam que é possível encontrar um meio-termo entre concorrência e dirigismo central. Isso não é viável, pois os dois métodos são fracos e ineficientes quando incompletos. O planejamento e a concorrência só podem ser combinados quando se planeja visando concorrência, nunca contra ela.
















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