quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A ARENA ROMANA MIDIÁTICA


Nas últimas semanas temos assistido a uma verdadeira batalha, só não se sabe ao certo a sua natureza: ideológica, econômica (ambas as coisas)? O certo é que as emissoras de televisão Rede Record (poder da fé evangélica/Igreja Universal do Reino de Deus/teologia da prosperidade) e Rede Globo (verdadeiro monopólio das telecomunicações brasileira/maior penetração entre os telespectadores brasileiros/símbolo da cultura de massas/braço forte das elites nacionais) estão, declaradamente, se pegando para valer em uma luta daquelas que mais parece uma arena romana: ou seja, desta batalha só uma sairá viva, e a luta obviamente só termina quando uma das combatentes cair morta.

Sabemos que esta briga não é nova, ela agora só parece ganhar novos contornos, mais escarnecidos. A justiça brasileira se insere no caso, mas demonstra não ter força suficiente para lidar com isso e com os interesses que fazem parte do caso. Assim, as duas redes ficam se acusando, alfinetando, mutuamente, via programação semanal (de preferência em seus telejornais ou programas de entretenimento) – pois elas sabem que a luta, a luta real, a arena romana real, se realiza nas mensagens que passam pelos milhões de tubos de imagem deste país, e não nos tribunais frios e distantes da justiça nacional.

Vamos às acusações - farei aqui o papel de advogado do diabo, ou melhor, advogado dos diabos (que missão infernal ein!):

REDE GLOBO
ARGUMENTOS
A rede Record é uma espécie de fachada para que a Igreja Universal de certa forma “lave” o dinheiro do dízimo de milhares de fiéis da mesma igreja.
A rede Record falta com a ética quando usa, indevidamente, o dinheiro de fiéis em investimentos na emissora, e não em benefício dos mesmos fiéis ou da referida igreja e seus programas sociais.
A rede Record é perigosa, pois mistura política, jornalismo e religião. A mesma tenciona transformar-se num projeto de fortalecimento, ideológico e econômico, da Igreja Universal do Reino de Deus, acelerando o processo de protestantização/evangelização do Brasil – através da ponte entre a miséria do povo e a chamada teologia da prosperidade.

REDE RECORD
ARGUMENTOS
A rede Globo começou esta guerra midiática, pois teme perder espaço para a rede Record, que está em ascensão. Um dos fatos que demonstra isso é além do crescimento da audiência da Record, a compra por esta rede de eventos internacionais do porte das Olimpíadas de Londres-2012 (transmissão exclusiva, em televisão aberta, da Record).
A rede Globo é um braço histórico das elites brasileiras, demonstrado muito bem no documentário britânico “Muito além do cidadão Kane”, em que é apresentada a ascensão da emissora carioca em conluio com estranhos processos durante o governo militar brasileiro (como a existência de dinheiro estrangeiro para a criação da emissora – grupo Time Life/Warner) e também com interesses burgueses (como a não cobertura do movimento pelas Diretas Já, e a interferência direta na disputa eleitoral em 1989, quando Collor vencera Lula).
A rede Globo exerce verdadeiro monopólio nas telecomunicações nacionais. Em síntese é uma emissora criada em meio a um regime político de exceção, e que possui como essência uma atitude antidemocrática.
A rede Globo serve aos interesses do catolicismo.

MEU JUÍZO
“Observando as acusações de ambas as emissoras, eu, Tiago Menta, historiador e filósofo, declaro ambas as emissoras culpadas. Assim estão as emissoras Record e Globo de televisão condenadas a sumir de nossa grade televisiva.
As duas cometem verdadeiro crime contra os interesses dos cidadãos brasileiros, apresentando-se como ícones da desinformação, alienação, deseducação.
Portanto, por todos os desserviços prestados a nação brasileira condeno-as a extinção sumária.
E por favor, guardas, prendam nas masmorras os senhores Roberto Marinho e Edir Macedo.”
Pá! (bati o meu martelo, com força, como orientaria Nietzsche).