sábado, 26 de maio de 2007

O Piso Salarial Nacional é o Continuismo das Velhas Mazelas!

Amigos, é chegado o momento de colocar a minha opinião sobre o dito Piso Salarial Nacional para Professores/Educadores!
O projeto do governo Lula, em conjunto com o MEC, é estabelecer um piso salarial nacional em torno de R$ 850,00 com carga horária de trabalho mínima de 40 horas semanais para todos os professores da rede pública nacional.
Boa intenção, mas errados os valores.
Estabelecer um piso salarial nacional, definitivo, é algo mais do que justificado, e para tanto basta olharmos a precária situação de trabalho e renda de muitos professores do Norte/Nordeste brasileiro: uma calamidade!
Contudo, os problemas giram em torno do valor, R$ 850,00, e além, da vinculação com as 40 horas semanais. Ou seja, o professor, mesmo com o piso nacional, permanece numa situação de extrema dificuldade: trabalha muito e ganha muito pouco.
Como professor da rede pública do estado de Minas Gerais venho assistindo e vivendo uma situação de grande dificuldade - por exemplo os gastos com transporte de professores e os gastos com insumos mais do que necessários ao trabalho eficiente de qualquer bom professor (no caso, livros, acesso a computadores, pós-graduação e cursos de aperfeiçoamento profissional): eu, como professor, venho mantendo mensalmente um gasto de aproximadamente R$ 80,00 para dar as minhas 9 aulas semanais, mas injustificadamente o Estado de Minas Gerais me dá uma chamada "ajuda" de custo para transporte no ínfimo valor de R$ 34,00, ou seja, só com transporte eu como professor tenho um déficit financeiro mensal de aproximadamente R$ 47,00. Se somados a um ano todo de trabalho isso significa um déficit assustador de pouco mais de R$ 400,00. Ou seja, eu e tantos outros colegas, estamos pagando para trabalhar! Uma vergonha.
O ideal, o mínimo mesmo, pensando num piso salarial digno para professores, seria um salário suficiente cobrindo os seguintes aspectos: moradia, alimentação, transporte, vestuário, impostos básicos (IPTU, luz, telefone, água), compra de livros, acesso a informática e a internet, e lazer. Creio que isso seria pensado a partir de R$ 1.500,00 para cada professor brasileiro. E se pensarmos, criticamente, o quanto cada professor investiu do próprio bolso e de sua família em anos de estudos numa instituição superior, este valor seria justo. Eu, por exemplo, em 4 anos de preparação e formação em minha graduação de História investi aproximadamente R$ 40.000,00, isso mesmo! E hoje, com minhas 9 aulas semanais, ou 60 horas/aula mensais, não consigo sequer chegar a um vencimento que pelo menos iguale os R$ 500,00 que tempo atrás pagava em minha mensalidade universitária. Quanta vergonha Brasil!

Abraços liberais, e ansiosos por mudanças profundas e significativas na educação brasileira.

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