terça-feira, 7 de agosto de 2007

Eu já cansei à muito tempo! E você?

Amigos e amigas, seguem abaixo algumas referências ao dito movimento "CANSEI", organizado pela Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo, e que fará, no próximo dia 17 de agosto, uma manifestação na forma de 1 minuto de silêncio em homenagem as vítimas do acidente aéreo da TAM.

Do site da OAB-SP - http://www.oabsp.org.br/destaque_principal/durso-classifica-critica-a-movimento-como-antidemocraticas :

O presidente da OAB SP, Luiz Flávio Borges D´Urso, em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (2/8), na sede da OAB SP, classificou as críticas dos opositores ao Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros (Cansei) como “ desinformação “ e “falta de convivência com a democracia”.

Durante a entrevista, D´Urso rebateu as críticas de que o Movimento teria um viés "golpista". " Quando nós (OAB SP) defendemos os direitos dos presos, nós fomos taxados de esquerda. Quando defendemos os direitos humanos, também. Quando lutamos contra a ditadura militar, a OAB era oportunista e golpista. Quando propusemos o impeachment de Pita, também contrariamos interesses. Quando a OAB nacional marchou pelo impeachment do Collor, também encontrou resistências. Assim, a cada momento somos taxados de alguma coisa . Mas, reitero, tudo fruto de desinformação “, ressaltou.

D´Urso também comunicou que está pedindo uma audiência com o presidente da República , Luiz Inácio Lula da Silva, para explicar que este Movimento não tem qualquer viés de golpe para tentar desestabilizar as instituições. “Nós sempre defendemos a solidez das instituições porque elas representam os pilares da democracia que tanto defendemos. Na oportunidade, também vamos para levar às mãos do presidente uma pauta de contribuições da sociedade para superar essas dificuldades, que não surgiram agora, mas que estão cansando a população. Para, enfim, termos o Brasil dos nossos sonhos”.

Segundo D´Urso, muitas temáticas desenvolvidas pelo Movimento já são bandeiras históricas da OAB SP, como por exemplo a segurança pública, carga tributária, corrupção, abandono e delinquência juvenil, ética na política, entre outras. “A OAB SP , ao longo de sua história defendeu muitas bandeiras e muitas delas se confundem com esse movimento. E nós vamos continuar buscando, estimulando a sociedade a participar. Se temos que criticar ou elogiar alguma coisa, o fazemos com isenção. O Movimento está procurando mecanismos para efetivamente manter esse diálogo, que a OAB sempre teve, com o Poder Público, seja na esfera federal, estadual ou municipal.”, disse.

De acordo o presidente da OAB SP, desde o inínico, o Movimento tem no ministro da Justiça, Tarso Genro, um interlocutor no governo “. Assim sendo, é absolutamente improcedente qualquer tentativa de taxar esse movimento como um movimento de fora Lula, um movimento golpista. Essas vozes que se levantam é porque, talvez, não estejam acostumadas com o processo democrático, porque o processo democrático é de diálogo, da convivência com os antagonismos. Aliás, muito próprio da advocacia, onde passamos, dentro de nossa atividade profissional, a conviver e a respeitar as adversidades e, nesse respeito, contribuir para as soluções dos problemas que se apresentam para o Estado e para o país”, ponderou.

D´Urso enfatizou, ainda, que o Movimento não tem coloração político-partidária. “ É um movimento de cidadania, que diz ao cidadão: venha participar, se você cansou de não fazer nada, faça. Você também tem a sua parte a fazer pelo país. Você também pode trazer uma idéia criativa e uma solução e vamos juntos trabalhar nesse sentido, governo e sociedade, para superar as dificuldades enfrentadas pelo Brasil”, explicou.

D´Urso também rebateu que o movimento é da elite. “ Se temos pessoas que tem poder aquisitivo bom no movimento, também temos pessoas pobres no movimento. Temos assalariados que são simpáticos e querem aderir ao movimento. Se temos empresários, temos trabalhadores, estudantes, médicos, engenheiros, comerciantes, temos o extrato da sociedade representado nesse movimento. Agora,individualmente, nós queremos que o cidadão acorde, desperte, mostre que está atento e faça proposta para resolver os problemas do país”, disse.

Na coletiva, D´Urso disse que apóia o Movimento Cansamos da CUT, uma resposta ao Cansei. “Conversei com o presidente da CUT, Artur Henrique, e ele disse que o seu movimento, Cansamos, não tem um viés de oposição ao nosso movimento. E quero dizer que o nosso movimento, que a OAB apóia o movimento da CUT porque aqueles objetivos que estão sendo desfraldados lá, contra o trabalho escravo, contra o trabalho infantil, contra a exploração do trabalhador, em defesa dos direitos trabalhistas, são bandeiras históricas da OAB. Por isso nós apoiamos o movimento da CUT”, afirmou.

D´Urso também ressaltou que outras Seccionais da OAB têm os seus movimentos locais com perfil semelhante ao do Cansei. “´E nessa sinergia que nós queremos trabalhar. O presidente nacional da OAB, Cezar Brito, foi informado desde o início sobre os propósitos do Movimento e está acompanhando. Foi convidado para estar conosco em São Paulo no dia 17 de agosto, quando faremos um minuto de silêncio”, finalizou."


Do jornalista da Folha de São Paulo Gilberto Dimenstein:

Você não cansou?
da Folha Online

Não consegui entender direito o clima um tanto histérico, nutrido pelo governo, contra o movimento batizado de "Cansei", apontado como um núcleo conspiratório; outros viram ali uma reação ideológica conservadora como se o governo Lula não tivesse apoio entre setores da chamada "direita".

Alguns se incomodam com o fato de gente mais rica protestar como se todos, numa democracia, não tivessem o direito legítimo de protestar. É um direito não correr risco voando num avião.

Talvez, quem sabe, aquele movimento se converta em algo como maior consistência (inclusive conspiratória, com o olho na sucessão presidencial). Mas, por enquanto, o "Cansei" padece de um problema: o cansaço. Não propôs nada de concreto, rigorosamente, apenas a irritação --e, por isso, o cansaço é estéril.

Mas quem não cansou de ver um país com tantas possibilidades, com tantos recursos, sofrendo com tanta pobreza e violência? Quem não se cansou de ver tanto dinheiro público desperdiçado e sermos obrigados a pagar tanto imposto?
O que seria injusto é culpar apenas Lula, mas também seria injusto isentá-lo de parte da responsabilidade, pois seu governo vem investindo menos do que poderia em obras de infra-estrutura, torrando dinheiro com funcionalismo.
Não é possível ser um brasileiro com um mínimo de responsabilidade sem estar cansado da diferença entre o que somos e o que poderíamos ser, devido à crônica incompetência pública.

Bom, pegando como ganchos de pensamento os dois textos acima apresentados, eu diria à todos que eu já me cansei à muito tempo.

Defendendo a democracia como valor, antes de tudo. Tirar Lula do poder hoje, por incompetência, é bobagem. Porém, podemos e deveríamos retirá-lo do poder, democraticamente como fizemos com Fernando Collor de Mello em 1992 num processo de impeachment, e para tanto bastará ligarmos os recentes e consecutivos casos de corrupção ocorridos neste país como frutos da irresponsabilidade deste governo (que seria condenado por crime de responsabilidade, mesmo que não seja o governo corruptor, mas sim um facilitador para que isto se tornasse um fenômeno endêmico, incontrolável), que como sabemos, pagava mensalão para deputados federais votarem e tomarem decisões favoráveis ao governo - que costurava uma base política na base do clássico e velho "toma lá, dá cá", nada republicano.

Sei, como historiador, que as esquerdas brasileiras, oriundas das experiências e pensamentos socialistas de caracteres castrista (modelo cubano), trotskista e gramsciano (proliferados em nossos cursos superiores), stalinista (modelo soviético e que impera na maioria dos partidos políticos de esquerda, por isto a sua dificuldade em receber críticas, em serem questionados, pois como o grande urso russo sonham com uma sociedade reunida num coletivo apático, obediente, sob as ordens de um intelligentsia iluminada, no caso brasileiro liderados pelos José Dirceu e camaradagem) são muito sensíveis a qualquer típico de crítica, logo caracterizada como "golpismo", "atitude pequeno-burguesa", "ação contra-revolucionária", "perseguição dos poderosos e da grande mídia" e etc.

Não só sou favorável ao movimento organizado pela OAB-SP, como diria que tal organização demorara a aparecer, pois passou da hora de a sociedade, com capacidade de entendimento (pois a maioria se vendeu pela miséria e pelo assistencialismo que compra as consciências, travestindo-se de políticas sociais, quando a verdadeira política social é o investimento no país, que gerando riquezas poderá distribuí-las) se mostrar de alguma forma.

Não sou rico. Pelo contrário. Não sou da elite, burguesa, pelo contrário. Sou professor, sou funcionário público. Minha consciência este governo não compra e não comprará com assistencialismo (como o piso efêmero que será colocado para nós professores de R$ 850,00), aliás, a minha consciência é a minha consciência, construída dialeticamente na conjunção entre a experiência sensível, de vida, aliada aos estudos. E digo que cansei, e a muito tempo.

Cansei deste desgoverno. Cansei de ver o meu povo enganado, que só apoia Lula por ainda crer na "aréola" proletária que este ainda carregaria, e que nós, seres iluminados pelo conhecimento, educação, e acesso a informação de qualidade, já sabemos que o Presidente Lula à muito tempo já não representa mais isto. E assim, as classes médias e altas já o abandonaram, estas que tinham em Lula simpatia e que a ele deram seu voto após 8 anos de governo tucano que pouco fizera, significativamente, por este país. O povo esperava mais, muito mais. O povo queria distribuição de renda, e esta só é efetiva, pelas vias do trabalho, do emprego, não pelos bolsões que escravizam e que não geram valor. É continuar distribuindo o nosso "troco de pinga" nacional, é dividir a nossa miséria, e nunca produzir, ou melhor, reproduzir capital ativo, constante.

Eu afirmaria, como num velho conto infantil "o rei está nu". E só me resta o cansaço, que aliado a muitos outros cansados, logo seremos muitos. E então, eu assim espero, em 2010 daremos uma lição, bem dada, no PT e em sua base aliada, diminuindo-lhes sua representatividade política em municípios, estados e principalmente na União, onde a experiência petista não mais se repetirá. Sorte de todos nós, brasileiros acima de tudo.

Abraços liberais, nietzschianos e claro, cansados.









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